Foram 39 anos marcados por muitos e bons
acontecimentos. Assim podemos registrar o tempo de funcionamento de um
dos parques mais importantes da América Latina e o primeiro parque de
diversões do Brasil, o Playcenter. O empreendimento interrompeu suas
atividades no último domingo de julho e se prepara para se transformar
em um novo parque, agora menor e com foco nas crianças e suas famílias.
Em homenagem a tudo que o parque representou na vida de milhões de
brasileiros e para a história dos parques de diversões, Marcelo Gutglas,
presidente e fundador do Playcenter, é o entrevistado desta edição.
Sindepat: A notícia do fechamento do
Playcenter comoveu pessoas de todo o Brasil e de todas as idades. Porque
fechar o Playcenter e abrir um novo empreendimento? Como foi tomar essa
decisão?
Marcelo Gutglas: Uma empresa como a
nossa tem que se reinventar sempre. As limitações que passamos a ter,
não somente em relação ao tamanho dos terrenos, mas as limitações em
função do adensamento urbano da Barra Funda nos levaram a tomar a
decisão estratégica de mudar o foco do nosso negócio.
Existe uma tendência mundial de focar
cada vez mais no público família. Como exemplo, temos a Legoland,
Nickelodeum e outros. Construiremos então um novo parque para os pais,
avôs e titios, que poderão interagir junto com as crianças nos
equipamentos. Teremos também um conteúdo temático que ajudará a
alavancar a parte educacional, voltado principalmente para o meio
ambiente. Tenho certeza que vai ser um projeto vencedor.
Sindepat: Sabemos que será um parque para toda a família, mas com foco nas crianças. Já tem data para ser inaugurado?
Marcelo Gutglas: A previsão de inauguração é no primeiro semestre de 2013.
Sindepat: Os 39 anos de funcionamento do
Playcenter foram marcados por muitos acontecimentos importantes, como a
visita do Michael Jackson, o boneco King Kong, entre outros. Qual o
melhor em sua opinião?
Marcelo Gutglas: O King Kong foi o do
próprio filme, que trouxemos de Los Angeles. O boneco gigante tinha 80
movimentos somente na face. Era um show de 20 minutos, que atraiu
somente no mês de julho cerca de 400 mil pessoas. Foi um sucesso
estrondoso. Já a visita do Michel Jackson teve maior repercussão de
mídia de nossa história.
Sindepat: O que mais vai deixar saudades?
Marcelo Gutglas: O público feliz se
divertindo. Essa energia tão boa vai fazer falta nas nossas vidas. Até a
inauguração do novo parque.
Sindepat: Como os funcionários reagiram com a notícia do fechamento do parque?
Marcelo Gutglas: Foi um mix de tristeza e
solidariedade. Os colaboradores foram profissionais e dedicados até o
último dia de operação. Minha grande recompensa foi receber um
“obrigado” de todos eles por terem tido a oportunidade de trabalhar no
parque. No último dia tivemos 100% de presença, mesmo daqueles que não
estavam trabalhando no dia e também daqueles que já tinham deixado
recentemente a empresa.
Sindepat: Como foram esses últimos meses de funcionamento?
Marcelo Gutglas: Foi acertada a
estratégia de antecipar as “Noites do Terror”. Tivemos cerca de 400 mil
visitantes. Nessas últimas férias, agora em julho, tivemos muitas
famílias e casais de meia idade que vieram matar saudades.
Sindepat: Qual o destino das atrações do parque? Elas estão sendo vendidas? Serão reaproveitadas no futuro parque?
Marcelo Gutglas: Ambas as opções.
Sindepat: Gostaria que você deixasse uma
mensagem aos leitores da newsletter do Sindepat sobre como foi presidir
um empreendimento que levou tanta alegria para milhões de brasileiros!
Marcelo Gutglas: Quem sou eu para ficar
ensinando. Nossa atividade não tem rotina. Cada dia uma surpresa nova,
nem sempre agradável. O que aprendi com as crises foi ser transparente
sempre. Outra lição: nosso negócio e de gente para gente. Tratei sempre
com todo respeito e carinho nosso público interno, assim as
contingências diminuem muito. Aprendi que um mau acordo é melhor que uma
boa briga.
Fonte: Sindepat