sábado, 15 de dezembro de 2012

Beto Carrero World é destaque no ISTOÉ Dinheiro

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O parque Beto Carrero World e sua atual administração são destaque na edição 793 da ISTOÉ Dinheiro - Negócios. Confira a reportagem completa abaixo:

Disneylândia à brasileira

Como o empresário Alex Murad, herdeiro do Beto Carrero World, triplicou o faturamento do parque catarinense nos últimos quatro anos.

Por Rafael FREIRE


Em suas últimas férias, em 2011, o empresário Alex Murad, 32 anos, escolheu como destino os parques temáticos de Orlando, na Flórida. Uma opção normal para um executivo que deseja se desligar do dia a dia do escritório e passar momentos divertidos com a esposa e os filhos. No caso de Murad, no entanto, a escolha foi no mínimo inusitada. Isso porque seu escritório fica dentro do Beto Carrero World, um dos maiores parques temáticos do Brasil, no município catarinense de Penha, a 120 quilômetros de Florianópolis. “Não consigo ficar longe desse ambiente nem quando estou de férias”, afirma o empresário, que é filho de João Batista Sérgio Murad, mais conhecido como Beto Carrero.

Quando seu pai faleceu, em 2008, ele assumiu o comando do parque sob a incerteza de muitos quanto ao futuro da empresa sem seu fundador, presidente e principal garoto-propaganda do empreendimento. Quatro anos depois, o negócio não só não afundou, como está passando por um de seus mais prósperos períodos de expansão. Nos últimos quatro anos, o faturamento triplicou e deverá chegar a R$ 150 milhões. O número de visitantes saltou de 800 mil para 1,5 milhão anuais. A receita de Murad foi investir em novas atrações, fechar parcerias com estúdios de Hollywood e diversificar a operação. Sua mais nova tacada é um projeto para construir um autódromo, orçado em R$ 150 milhões, com o objetivo de receber uma corrida de Fórmula 1.

“Já era um sonho do meu pai e agora eu estou disposto a realizá-lo", afirma o empresário. A principal ambição de Murad é transformar o Beto Carrero World em uma verdadeira cidade do entretenimento. Espaço é o que não falta. De acordo com ele, a empresa tem uma área de 15 milhões de metros quadrados, o equivalente a 1,5 mil campos de futebol. O parque ocupa apenas 15% do terreno. Murad tem procurado ocupar essa área excedente. Sua primeira aquisição foi uma montanha-russa importada da Holanda por R$ 15 milhões, em 2008. É a maior e mais radical entre as 100 atrações do parque. Ele também aumentou o portfólio de espetáculos, criando o O sonho do cowboy, um musical em homenagem a seu pai, e o Extreme Show, uma apresentação com manobras de carros e motos.

“O Alex não subiu no cavalo, tentando substituir o pai, ele adotou uma postura de empresário”, afirma Alex Reiter, ex-diretor- comercial do Beto Carrero World. “Manteve a identidade country, mas agregou outros temas e atividades ao parque.” Exemplo disso é o acordo com os estúdios americanos de cinema Universal e Dreamworks, em maio deste ano. Com essas parcerias, Murad irá inaugurar espaços exclusivos das animações Shrek, Madagascar e Kung Fu Panda, a partir do primeiro semestre de 2013. Outro fruto dessa parceria será implantado no Extreme Show. A partir do ano que vem, os veículos do espetáculo serão caracterizados com o tema do filme blockbuster Velozes e furiosos.


Lançado em 2010, o Extreme Show acabou despertando o interesse de Murad por eventos esportivos. Com base nele é que foram construídas as pistas de motocross e de kart, embrião do projeto do autódromo. Para levar adiante o projeto do circuito, a primeira iniciativa de Murad foi reunir-se com Bernie Ecclestone, presidente da Formula One Management (FOM), que detém os direitos da Fórmula 1, em 2011. Por recomendação de Ecclestone, Murad encomendou o desenho da pista do alemão Hermann Tilke, criador de quase metade dos circuitos do calendário da categoria, incluindo o recém-inaugurado em Austin, no Texas.

O autódromo terá 1,3 milhão de metros quadrados de área, capacidade para 120 mil espectadores (quase o dobro de Interlagos) e uma reta de 850 metros, na qual os carros poderão chegar a 300 quilômetros por hora. O objetivo do dono do Beto Carrero World é formar uma sociedade com a participação do governo de Santa Catarina e de outros investidores interessados. “Se conseguirmos trazer uma etapa da Fórmula 1, poderemos arcar com até 49% do investimento”, afirma Alexandre Fernandes, secretário de Articulação Internacional de Santa Catarina. Segundo Fernandes, apenas com a arrecadação do Imposto Sobre Serviços (ISS), a corrida renderia R$ 100 milhões aos cofres públicos.

Se realmente for concretizado, a previsão é de que o autódromo seja inaugurado em 2015, justamente o ano em que acaba o contrato da FOM com o circuito de Interlagos. “A ideia é fazer um Grande Prêmio do Mercosul, aproveitando a proximidade de Santa Catarina com a Argentina e o Uruguai", diz Fernandes. "Não queremos tirar a corrida de Interlagos, mas a continuidade do circuito no calendário não depende de nós.” O ritmo de expansão do Beto Carrero World é um ponto fora da curva no mercado brasileiro de grandes parques temáticos. Esse modelo de negócios tem sido bastante questionado nos últimos tempos. Em julho deste ano, o Playcenter, um dos mais tradicionais parques de São Paulo, fechou suas portas e será reaberto em uma versão mais compacta e com foco no público infantil.

Já o Hopi Hari, de Itupeva, interior de São Paulo, teve sua imagem fortemente abalada por conta de um acidente, que matou a adolescente Gabriela Nishimura, 14 anos, em fevereiro deste ano. Com isso, ficou cerca de um mês fechado. Seu histórico financeiro, na verdade, já não era muito favorável. Depois de alguns anos no vermelho, em 2011, o Hopi Hari lucrou apenas R$ 1,4 milhão. “A valorização imobiliária e a alta carga tributária dos equipamentos, que são taxados como bens de consumo, afetam muito a rentabilidade dos grandes parques”, afirma Francisco Donatiello Neto, presidente da Associação das Empresas de Parques de Diversão (Adibra).


Fonte: ISTOÉ Dinheiro ed. 793

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